Fundamentação para o e-Psi: Desenvolvendo a minha justificativa aprovada pelo CFP para o atendimento online
Ao realizar o cadastro para autorização do atendimento online no e-Psi, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), precisamos justificar nossos motivos e informar os cuidados tomados para essa modalidade específica de terapia. O presente texto traz a fundamentação que submeti ao Conselho, com comentários informativos para quem possa se interessar em fazer terapia on-line.
O atendimento psicológico online se fundamenta no fato de haver clientes potenciais que deixam de realizar a terapia por dificuldades de logística como: pouco tempo disponível, acesso físico restrito em alguns locais mais afastados ou outros países, falta de motivação para iniciar o tratamento, dentre outras interferências práticas. Em todos esses aspectos, a tecnologia vem colaborar com a expansão do suporte psicoterápico aos mais variados públicos que dela podem desfrutar.
A utilização de intermediários tecnológicos não deve interferir na qualidade da comunicação, envolvimento, ética e sigilo. Devendo-se concentrar esforços em atender às demandas trazidas pelo cliente, assim como conduzi-lo no caminho da solução de suas questões.
Significa que o relacionamento online entre paciente e psicólogo guarda as mesmas características do atendimento presencial, necessárias à evolução do quadro.
É necessário explicar como o cliente deve fazer a guarda de toda documentação gerada a partir de nossos contatos, que deve estar em local privado e tranquilo, usar equipamento particular, ter uma boa velocidade de internet, e que deverá tomar cuidados com o equipamento utilizado, como utilizar antivírus e apagar mensagens, caso outras pessoas tenham acesso ao dispositivo.
Durante a sessão de terapia, é solicitado que o cliente faça algumas anotações. São resumos da conversa, exercícios para serem trabalhados ao longo da semana, conclusões a que foi possível chegar com o tratamento, etc. que precisam ser guardados em locais fora do acesso de outras pessoas de seu convívio, independente da ferramenta que tenha sido utilizada. Por exemplo, eu costumo solicitar que o cliente me encaminhe mensagens de texto com suas anotações, pois assim, ambos guardamos registro que pode ser consultado quando necessário. Para que essas anotações mantenham o sigilo necessário à relação terapêutica, outras pessoas de seu convívio não podem ter acesso ao celular ou ao aplicativo utilizado. Tradicionalmente, é utilizado papel e caneta. Nesse caso, as anotações precisam ser guardadas em locais mais particulares, para evitar que outras pessoas encontrem.
A conversa durante a sessão não deve ser ouvida por mais ninguém além do terapeuta e o cliente ou os clientes (dependendo do caso), por ser um pré-requisito do sucesso da terapia. O psicólogo é o profissional a quem você deve dizer o que não poderia dizer a mais ninguém, por possuirmos as ferramentas e técnicas para trabalhar suas questões. Se você não estiver seguro de que não está sendo ouvido, é possível que não diga todo o necessário, prejudicando o avanço do tratamento.
Para assegurar essa privacidade, procure um lugar silencioso e sem movimentação, ainda que aberto, em que você não possa ser ouvido.
Dizer que o equipamento utilizado na terapia - celular, tablet, notebook ou computador de mesa - precisa ser particular, significa que deve ser um dispositivo que você utilize em sua residência e não seja acessado por pessoas de fora de seu convívio, como os equipamentos de trabalho, lan house, laboratório de escolas ou faculdades, etc. Caso seja um equipamento acessado pelas pessoas que residem contigo, assegure-se de limpar os registros de atividade. Essa orientação se estende à conexão de internet utilizada, que não pode ser compartilhada por pessoas fora de sua residência.
A conexão de internet deve ter uma boa velocidade para garantir a melhor condição da comunicação, evitar interrupções por quedas e travamentos, ter uma boa qualidade de áudio e vídeo, etc. Para isso, se estiver utilizando wi-fi, verifique se à distância em que você está do roteador e as barreiras físicas não interferem na conexão. Faça testes de velocidade antes de iniciar a chamada.
Ainda em relação aos cuidados que devem ser tomados, é importante ter um bom antivírus e fazer a varredura do dispositivo antes de iniciar as chamadas, para evitar o vazamento de informações sigilosas.
O atendimento é destinado, preferencialmente, a adultos, podendo ser estendido a jovens (a partir de 16 anos) com a autorização escrita e assinada pelos pais; e tem duração de 50 minutos.
A terapia on-line tornou-se a única possibilidade para a condução dos meus atendimentos, durante a pandemia de Covid-19. Nessa experiência, o processo terapêutico tem se mostrado tão proveitoso, que os pacientes já avisaram que preferem não retornar à modalidade presencial quando for seguro. Concluímos que o grau de utilidade esperado das sessões está mantido e os resultados apresentados são igualmente perceptíveis.
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